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Ivan Monteiro busca de equilíbrio entre o papel social e econômico da Petrobras

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Fonte: Valor Econômico

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Por André Ramalho e Ivo Ribeiro | Do Rio

Há pouco mais de um mês no cargo de presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, ex-diretor financeiro da estatal, assumiu o comando com a missão de pisar no acelerador e entregar ao mercado, ainda neste ano, os compromissos de venda de ativos e redução de dívidas. Ao mesmo tempo, o executivo tem pela frente um debate caloroso sobre a política de preços dos combustíveis, que depois de um ano de reajustes diários serviu de pano de fundo para a greve de caminhoneiros, em maio, e levou-a para a saída do então presidente, Pedro Parente. Monteiro afirma que a empresa reconhece o impacto que tem sobre a sociedade e que está aberto ao debate, mas alerta: a artificialidade dos preços é incompatível com a missão da empresa de desenvolver o pré-sal. “A Petrobras tem um impacto muito grande para a economia como um todo e tem que estar aberta para ouvir a sociedade. Mas não vamos desistir de ter uma política comercial realista”, disse. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao Valor , na sede da empresa.

Valor: Como está a discussão sobre a política de preços?

Ivan Monteiro: Há que considerar a influência que temos na sociedade e na vida das pessoas. A greve dos caminhoneiros tem demonstrado isso. Acreditamos na iniciativa da ANP [Agência Nacional do Petróleo de abrir uma tomada pública para debater o tema da periodicidade dos reajustes]. A Petrobras tem uma participação na produção da refinaria dominante, no entanto ela compete [importadores]. Vamos esperar o resultado e a publicação da resolução para contribuir com o debate. Desde o começo foi dito que não há interferência na política comercial e isso é fundamental, para não retroagirmos.

Valor: Ele tende mais a se considerar a Petrobras como uma companhia aberta, que não pode haver interferência do controlador, ou como uma estatal, que leva em conta o impacto sobre o consumidor?

Monteiro: Não podemos voltar ao que aconteceu no passado, quando se controlou artificialmente o preço. O resultado foi um desastre para a Petrobras. A pior coisa que pode acontecer para a empresa, independentemente de que ela seja aberta ou fechada, é ser uma empresa que dá prejuízo, quando ela não se mostra viável economicamente. Ao praticar preços artificiais, não necessariamente gera o lucro que se espera… em muitos aspectos, há um conflito: [a divisão] leva a empresa a ter um resultado muito pior, que fará com que seu custo seja muito maior e que fará com que a rentabilidade seja menor… O desafio da indústria de hoje é chegar a ser competitiva em preço do Brent mais baixo. E ser competitivo é totalmente contrário a impor uma política de preços artificialmente baixa. Isso vai contra tudo o que queremos fazer, que é desenvolver o pré-sal.

Valor: Mas a política de preços não gerou um conflito na outra ponta, cujo resultado foi a greve dos caminhoneiros?

Monteiro: Não acho que o resultado desta política, em si, gerou a greve dos caminhoneiros. Havia vários outros elementos. Construímos um plano [de negócios] que tem como um dos mais importantes pilares da capacidade que tem a companhia de gerir sua política comercial… nós Produzimos o óleo, refinamos e vendemos para os consumidores. A Petrobras tem de estar atenta ao resultado de sua atividade junto ao público final? A minha resposta é sim. Tem um impacto e uma influência muito grande para a economia como um todo e tem que estar aberta para ouvir a sociedade. Mas não vamos desistir de ter uma política comercial realista.

Valor: Sugere um meio termo?

Monteiro: Mantém essa liberdade de ter uma política comercial que mantém a saúde financeira da empresa e preservado o fato de que não estamos em condições diferentes ou piores do que os da concorrência, sim, a Petrobras se insere na discussão liderada pela ANP e apoia.

Valor: a Petrobras pode chegar a fazer uma média móvel ou reduzir a periodicidade dos reajustes?

Monteiro: Ainda estamos esperando o resultado da consulta, mas temos um exemplo é o caso do GLP. Por iniciativa própria, aplicamos uma metodologia [de reajustes trimestrais, com base na média móvel dos preços no mercado internacional] que facilitou bastante isso [a volatilidade dos preços]. Em 2018, por exemplo, o GPL está a cair 5,4% no acumulado do ano. Este é um bom mecanismo.

Valor: É um caminho?

Muñoz: Vamos esperar que a discussão [da consulta da ANP].

Valor: Qual foi a contribuição da Petrobras na tomada pública?

Monteiro: No Chile, quando o cobre está com o preço muito alto, usam uma espécie de fundo de estabilização e quando está mais baixa [citação] eles utilizam os recursos deste fundo para que a atividade econômica como um todo tem uma certa estabilidade. Existem outros mecanismos no mundo que tentam fazer isto por tributos, com uma taxa um pouco mais alta quando os preços estão mais baixos e com uma taxa mais baixa, quando os preços estão mais altos. Isso reduz os efeitos que incomodam, ao final, o consumidor. Apoiamos muito este tipo de mecanismo.

Valor: Em que pé está a negociação do contrato de cessão onerosa?

Monteiro: É uma operação muito complexa, em um contrato que gera várias interpretações… Tivemos várias reuniões. Apesar de toda a evolução, chegou uma diferença entre a visão do governo e da Petrobras. Essa agenda que está no Congresso o projeto de lei que autoriza a União a pagar à Petrobras em barris e permite que a empresa venda de até 70% de sua participação nas áreas contratadas sob o regime da cessão onerosa] ajuda a facilitar uma negociação final… Já chegamos a um consenso sobre algumas cláusulas, mas há sempre aquelas mais importantes para o final. É natural isso. A lei em tramitação no Senado] vai facilitar muito a redução dessas diferenças, na busca de um entendimento.

Valor: Há uma data final para encerrar este acordo?

Monteiro: Não. O ideal é chegar a um acordo o quanto antes para poder viabilizar a leilão este ano.

Valor: Você ainda acredita na viabilidade desse leilão deste ano?

Monteiro: Não podemos controlar a agenda do Congresso, mas trabalhamos com esse objetivo.

Poderíamos estar hoje entre dois anos e meio e três anos sem tomar uma única dívida nova, dada a nossa posição de caixa

Valor: Com o recente revés na suprema corte, o que levou a suspensão da venda das refinarias e da ETIQUETA, a meta de desalavancagem se mantêm?

Monteiro: A meta permanece. A dificuldade aqui [na Petrobras] é parte de nosso dia-a-dia. Estamos acostumados a isso. Sou sempre otimista, se não eu não teria aceitado assumir a direção [financeira] da companhia [2015], e agora a presidência.

Valor: E para onde caminha o desalavancagem nos próximos anos?

Monteiro: em Um primeiro momento, o objetivo é obter uma relação dívida líquida/Ebitda] 2,5 vezes em 2018. [Plano de negócios] você vai ver claramente um movimento de buscaire outro objetivo.

Valor: A subida dos preços do barril deixou a situação da empresa mais confortável?

Monteiro: A situação financeira melhorou bastante. Ela ainda se preocupa, porque a dívida é muito alta, mas houve uma mudança importante no perfil de vencimento de tal dívida… O que foi feito até agora e vai continuar é [procurar] uma redução gradual, mas consistente dessa dívida… E o programa de desinvestimentos que é fundamental, pois é ele que dá a dinâmica de redução [da dívida]. Quanto mais sucesso que tivermos, mais rápido do que a dívida cai e aumenta o custo financeiro.

Valor: O quanto à situação do perfil de vencimento melhorou?

Monteiro: Poderíamos estar hoje entre dois anos e meio e três anos sem tomar uma única dívida nova, dada a nossa posição de caixa, fazendo o pagamento de principal e de juros.

Valor: O objetivo de desinvestimento de US$ 21 bilhões entre 2017-2018 não é afetada?

Monteiro: Temos um conjunto muito grande de processos sendo tocados ao mesmo tempo. Este [a venda de ETIQUETA, suspensa] era o maior processo, sem dúvida, então aumenta o desafio do computador. Por outro lado, o preço do petróleo hoje em dia está muito superior ao que todos pensamos. Isso traz um impacto positivo para outros processos que estamos a levar no momento. Há também uma outra discussão, sobre qual vai ser o nosso posicionamento na negociação que está acontecendo entre a Odebrecht e a LyondellBasel para a venda da Braskem, que era um dos ativos que compreende este valor [da meta de desinvestimentos]. Contamos com uma carteira muito superior [US$ 21 mil milhões] para atingir a meta. Tudo isso [a gestão da carteira de projetos] se incorpora à Petrobras de forma definitiva. A gestão da carteira é para o resto da vida.

Valor: o que esperar do novo plano de negócios?

Monteiro: Não vamos mudar drasticamente, não vamos deixar de produzir petróleo. Claro que incorporar-se-á todo o evento da digitalização, a chegada de novas tecnologias, o impacto que isso vai ter, quando essa demanda [de petróleo] atinge o pico. É sempre uma discussão importante, para que possamos calibrar todos os investimentos.

Valor: E a produção, hoje preso, vai subir?

Monteiro: Nós estimamos um aumento da produção dada a entrada dos novos sistemas do pré-sal em 2018 e 2019… Vão entrar agora [este ano] sete sistemas de produção. Provavelmente, a Petrobras vai ser uma das poucas empresas no mundo que vai crescer a sua produção sem a necessidade de fazer a aquisição. Agora, é frustrante do que no passado se tenha tomado decisões de investimento que drenaram recursos, sem retorno, muito pelo contrário, com prejuízo. As refinarias de Pasadena, Okinawa, biocombustíveis, teve a Rnest, Comperj, o controle artificial de preços… e Tudo isso teve uma consequência dramática. [A produção] poderia ser maior se tivéssemos pagando menos juros.

Valor: Podemos esperar um aumento do investimento nos próximos anos?

Monteiro: O investimento depende sempre da qualidade dos projetos. Ninguém nega e recusa-se a financiar a Petrobras, com rendimentos corretos, se os projetos são rentáveis. E aqui temos uma carteira de projetos muito bom, do pré-sal… Acho que os níveis de investimento que temos hoje em dia, em torno de US$ 15 bilhões a US$ 16 bilhões por ano, são adequados para a nossa atual situação financeira.

Valor: As ações provenientes da Lava-Jato, há muita coisa pendente?

Monteiro: O mais importante foi a de ‘class action’ [cujo contrato já foi aprovado]. Este era o principal. Existem iniciativas no Brasil. Tem uma arbitragem em B3, uma iniciativa que a gente acha meio oportunista nos países baixos. Mas o mais importante foi solucionada e o povo ainda fala com o departamento de justiça [Departamento de Justiça] e a SEC dos Estados Unidos.

Valor: E vocês já começaram a receber o dinheiro de volta?

Monteiro: Recebemos R$ 1,5 bilhão em virtude dos acordos de leniência em Lava-Jato].

Valor: A derrota de trabalho no TST que pode fazer a empresa desembolsar us$ 17 bilhões colocou os passivos da empresa na web. O que já está provisionado?

Monteiro: Tudo o que deve ser fornecida, está provisionado (…) Chamou muito a nossa atenção no início o tamanho desses passivos. A empresa se pintou para a guerra. Eram questões tributárias de valores muito altos… [um passivo trabalhista de R$ 17 mil milhões] É inimaginável. Isso é muito ruim porque gera insegurança.

Valor: Vocês vão manter a política de pagamento de dividendos trimestrais?

Monteiro: Quando você toma a decisão de fazer a antecipação de juros sobre o capital próprio, você toma a decisão de ver a sua realidade naquele momento, é claro, com prudência, porque você está projetando o resultado do ano. Vamos continuar fazendo isso, ver todas as novas variáveis [suspensão de alguns desinvestimentos, derrota no TST, o programa de subsídio do diesel]. Se a realidade mostra que devemos seguir, vamos seguir. Mas esta avaliação não foi feita ainda. Vai ser feita quando da divulgação do balanço do 2º trimestre.

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Fonte: www.sindigas.org.br/novosite/?p=11940

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